
Escrevi meu testemunho para a edição nº 35 do Informe Gospel, um periodínico oficial de nossa igreja.
Contei um pouco de minha história, do meu testemunho e dos milagres que Deus realizou em minha vida, e quero compartilhar esta historia com você também, afinal sou uma prova viva de que Deus não erra, mesmo que pareça ter errado com você; pois no final sempre haverá um proposito maior em tudo o que ele faz!
Por Miquéias Daniel Gomes
Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado, maravilhosas são as obras das tuas mãos e minha alma o sabe muito bem.
Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.
Os teus olhos firam o meu corpo ainda informe, e no teu livro foram escritas todas as coisas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia!
(Salmo 139: 14,15 e 16)

Nasci no dia 3 de julho de 1984, primeiro filho
do Pr. Wilson Gomes e da Dca. Marcia Antônia Quaresma Gomes, mas aquele momento
de esfuziante alegria foi transtornado com uma notícia terrível. Eu nasci com
uma deformidade crânio facial causada por uma anomalia que é popularmente
conhecida como lesão lábio-palatal. A fissura palatina é uma malformação
congênita caracterizada por uma alteração ocorrida entre a quarta e a sétima semanas de vida intra-uterina, levando a
uma falha na fusão dos processos palatinos. Pode
envolver o pré - palato, situado anteriormente ao forame incisivo, o
palato duro e/ou o palato mole e normalmente está associada a
fissuras labiais. Resumindo: meu lábio
era fendido e meu palato (céu da boca) não passava de uma
cratera.
Os médicos disseram aos meus pais que eu não
teria condição de desenvolver a fala e se com sorte eu falasse seria com muita
dificuldade e com uma entonação tão distorcida que seria quase impossível de
alguém me entender. Fui encaminhado a uma fonoaudióloga que já nas primeiras
seções me deu alta, pois contra todas as possibilidades minha fala era quase
perfeita.
A estrutura óssea de minha gengiva se deformou
e meus dentes nasceram fora de posição, sendo que alguns deles se encavalaram e
em outras áreas não havia dentição, o que me obrigou a um tratamento dentário a
base de todo tipo de aparelho ortodôntico por longos 12 anos.
Não respirava pelo nariz, vivia com a boca e a
garganta seca e tudo isso atrapalhava meu sono. Praticamente não sentia cheiro
de nada e mal sentia o gosto dos alimentos... As minhas amídalas eram
maiores que o convencional e com um resfriado qualquer elas inchavam e
encostavam uma na outra obstruindo a única passagem de ar que eu possuía para
respirar e com isso tive inúmeras crises respiratórias. Também não tinha (e
ainda não tenho) a úvula, conhecida também como “campainha da
garganta”, e que funciona como um alarme que avisa quando algo esta passando
pela nossa garganta e aciona o fechamento das vias respiratórias para que os
alimentos não cheguem as cavidades nasais ou na traqueia, e nesse caso, sem
essa proteção natural, posso afirmar que quem tem me protegido é Deus. Por
outro lado, a úvula e o palato mole exercem uma função de grande importância na
fonação, pois modificam o timbre de um fonema e são essenciais na articulação
das palavras, e é exatamente por isso que minha voz deveria ser
incompreensível, mas incompreensível mesmo é como eu falo sem dificuldades
alguma, mesmo com essa deformação (essa os médicos continuam me devendo
uma explicação “cientifica” e todo mundo põem na conta de Deus mesmo).

Mas fora dali, sempre houve um lado tão ou
ainda mais devastador que a própria anomalia física, as de aspecto emocional.
Fui motivo de piadinhas e chacotas durante toda a minha vida devido às sequelas
e cicatrizes que existem em meu rosto. Me senti isolado, inseguro, por vezes
chorei e me escondi do mundo, mas no fim das contas sempre me superei com a
graça de Deus, o apoio de minha família e uma boa dose de amizades leais... Pra
quem não falaria, hoje eu ministro, canto e glorifico ao Senhor, pois passei de
pé onde muita gente bem melhor do que eu não passaria de joelhos e tenho
certeza que teria forças o suficiente pra passar por tudo outra vez, mas confesso
que não suportaria ver meu filho passando por esta mesma estrada... E a
possibilidade disto acontecer era muito grande.
A anomalia está no gene masculino, ou seja
minha genética favorecia a hereditariedade da doença, e pra completar eu me
apaixonei e casei com uma moça linda cujo irmão tem o mesmo problema... A
possibilidade do nosso filho nascer com a anomalia? Uns 95%? Uns 10%? Que
diferença fazia... Qualquer perspectiva era capaz de me tirar a paz e o sono.

Deus nunca muda, mas se renova a cada dia...
Ele é o criador hábil e generoso que não repete historias...
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